terça-feira, 9 de setembro de 2008

A boa e velha Spa

Spa-Francorchamps é unanimidade no paddock da Fórmula 1. Tradicional e desafiadora, a simpática estrada que liga estas duas cidades belgas proporciona, quase que todo ano, corridas imprevisíveis.

Um pressionado Kimi Raikkonen, contra um ascendente Felipe Massa, que tentava diminuir a vantagem de um amadurecido Lewis Hamilton. Era o cenário que se rascunhava para o GP da Bélgica de 2008. O finlandês, vencedor da etapa belga nos anos de 2004, 2005 e 2007, conquistara, para frustração de quem ainda apostava suas fichas no escandinavo, apenas a 4ª colocação no grid de largada. Hamilton tomou a pole. Massa, seu incansável adversário, seguiu em 2º.

Kimi pulou para a 3ª posição logo na largada, deixando a confusão para os carros do meio do pelotão. Em poucas voltas, já liderava, realizando boa manobra em Massa e aproveitando um erro de Hamilton.

O cenário remeteu muita gente ao desfecho do campeonato de 2007. Raikkonen fora criticado por não corresponder às expectativas, não conseguindo alcançar as McLaren. Na Bélgica, venceu de maneira incontestável e, de lá, recuperou 17 pontos para se sagrar o campeão da temporada.

Até a 42ª volta, Kimi Raikkonen voltava a calar seus críticos e convencer os ferraristas. Com os resultados, estava postado novamente na briga pelo título e podia dar seguimento à reação em Monza, logo na casa da Ferrari.

Porém, Spa prega suas peças. E Raikkonen foi a vítima da vez.

Hamilton, então o 2º colocado, encostou no finlandês. Era notável a falta da aderência do carro da Ferrari - mesmo que, vejam vocês, a chuva mal arremessava seus primeiros pingos. E, numa belíssima manobra, passou o finlandês. Os espectadores foram ao delírio (algo que é pouco comum ouvir da televisão em corridas de automobilismo).

Mas o pior ainda estava por vir. A chuva começou a apertar, ainda que timidamente, e fez com que Raikkonen fosse ao desespero. A maioria dos pilotos calçava os pneus duros da Bridgestone, que, em contato com o asfalto frio e molhado, escorregava com enorme facilidade.

Os carros vagavam pelo circuito de Spa-Francorchamps, com o único objetivo de completar a prova. Mas Raikkonen, após realizar uma excelente exibição, encontrou o muro. Pecado.

Ganhou, mas não levou

Pista livre para Lewis Hamilton alcançar seu quinto triunfo na temporada, certo? Errado. O britânico até cruzou a linha de chegada em primeiro, mas teve acrescido em seu tempo final de prova 25 segundos, por conta da polêmica manobra em Raikkonen, quando cortou a chicane Bus Stop e não devolveu a posição corretamente (na opinião dos comissários).

Sigo a opinião de Flavio Gomes, Luis Fernando Ramos e outras pessoas que defendem Hamilton. Onde a F-1 vai parar se ultrapassagens como esta forem intoleradas pelos comissários de prova? Hamilton apenas teve de cortar a chicane para evitar um acidente, como a maioria dos pilotos se favoreceu ao utilizar as áreas de escape e não foram punidos.

Lewis acabou completando a prova em terceiro, tendo Massa como vencedor e Nick Heidfeld em segundo.

Quem não arrisca, não petisca


O glorioso ditado acima ilustra da melhor maneira de como fizeram Nick Heidfeld e Fernando Alonso para melhorarem suas posições ao final da prova. Ambos optaram por um pit stop na última volta, colocando pneus intermediários, e se deram bem.

Heidfeld conquistou um pódio (o segundo seguido da BMW), enquanto Alonso finalizou a corrida em 4º. Tivessem tido a sacada uma volta antes, poderiam ter levado a vitória.

Por conta disso, e eu me frustrei, Sébastien Bourdais finalizou a corrida apenas na 7ª colocação, enquanto poderia ter dado à Toro Rosso seu primeiro pódio da história, desde os tempos de Minardi. Cabe agora ao francês mostrar a Franz Tost que sua marcante exibição na Bélgica não foi apenas um lampejo, como na Austrália.

Campeonato

Massa, que nada tem a ver com a confusão envolvendo a manobra de Hamilton sobre Raikkonen, agora tem apenas dois pontos de desvantagem sobre o inglês (76 x 74). Seu companheiro de equipe, Kimi, foi ultrapassado por Kubica (58 a 57) e praticamente deu adeus à luta pelo troféu. Heidfeld, embora bastante criticado, soma seu 4º pódio em 2008, junto com os 49 pontos na classificação.

Nos construtores, a ordem é: Ferrari (131), McLaren (119), BMW (107), Toyota (41) e Renault (36).

História

Idealizado em 1921 por Jules de Their e Henri Langlois Van Ophem, o circuito inicialmente possuía 13 quilômetros de extensão e utilizava estradas de outras cidades próximas. Spa sediou um Grande Prêmio pela primeira vez em 1924, ainda na época pré-F-1.

Vários acontecimentos ocorridos no circuito de Spa-Francorchamps entraram para a história da categoria, como é o caso do duelo entre Schumacher e Hill, em 1995. O alemão, utilizando pneus slick, fez mágica ao segurar o piloto da Williams, com compostos intermediários.

Benvenuti in Italia

Antes de partir, meus palpites para os três primeiros da corrida de Monza, que sedia o Grande Prêmio da Itália neste final de semana: Massa, Raikkonen e Kovalainen.

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