terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pensando em 2009

Resolvidos todos os afazeres, cá estou novamente, após algum tempo sem escrever.

Como de costume, a temporada mal acabou e as equipes já colocam a mão na massa para acertar os carros do campeonato seguinte. E, sabido que a Fórmula 1 passará por grandes novidades e profundas reformulações em seu regulamento técnico em 2009, o trabalho destes últimos meses parece ser mais intenso.

Dentre estas embarcações, a que mais causa dor de cabeça aos engenheiros é o KERS (Kinetic Energy Recovery System), apetrecho que é opcional para os carros da próxima temporada, mas pode se tornar um amuleto para quem o utiliza. Para quem não sabe, o KERS é um cilindro onde se armazena a energia gasta nas frenagens e transforma esta mesma energia em mais potência no motor - mais precisamente falando, um ganho de cerca de 80 hp.

O grande problema é que o cilindro pode pesar até 60 kg, e ele, obrigatoriamente, deverá ser instalado na parte traseira do bólido - onde já se encontram o motor e o tanque de combustível. Aí é que mora o problema: o que fazer para balancear o peso dos carros? A turma da prancheta está procurando as melhores respostas.

Além disso, em torno de 30% do downforce dos carros vai ser exilado por conta da restrição daqueles horrorosos penduricalhos que nos últimos anos decoravam os modelos. Esta ausência, no entanto, será recompensada com a volta dos pneus slick, muito comemorada pelos mais saudosos.

Tudo isso para que, é o que todos esperam, seja mais fácil ultrapassar na F-1. Alguns já disseram que essas mudanças não surtirão tanto efeito, mas o que vale é a tentativa. Se pelo menos puderem repetir as cenas da temporada de 2008, quando o campeão foi definido na penúltima curva, já está de bom tamanho.

Mercado quase fechado

Enquanto isso, nos bastidores, vive-se na categoria uma temporada fraca em termos de mercado de pilotos. Com a iminente confirmação da permanência de Fernando Alonso na Renault, aos poucos, as portas vão se fechando. As duas únicas equipes que ainda têm vagas em aberto são Toro Rosso e Honda (há quem diga que Pedro de la Rosa possa tomar o lugar de Giancarlo Fisichella na Force India, mas isso seria muita sacanagem com o esforçado italiano).

Na escuderia de Faenza, a situação parece ser um pouco menos complexa. Depois dos testes de Barcelona, onde Sébastien Bourdais, Takuma Sato e Sébastien Buemi foram avaliados, um dos cockpits começa a inclinar para este último, integrante do programa de pilotos da Red Bull e queridinho de Dietrich Mateschitz. A vaga restante deve sobrar para quem vier com patrocínio. Pagou, levou. Bourdais e Sato já admitiram que não tem tal poder aquisitivo, mas é um dos dois que deve ficar com a vaga, embora Bruno Senna e Rubens Barrichello podem aparecer de surpresa.

Falando nisso, são esses dois, junto com o também brasileiro Lucas di Grassi, que batalham veementemente por um dos carros da Honda - o outro já é de Jenson Button. Rubens parecia ser carta fora do baralho, porém, com sua experiência e dedicação, ainda tem chances. Di Grassi agradou, mas quem surpreendeu mesmo foi Bruno Senna, que não fez feio em sua primeira experiência com um F-1.

E já que pouca gente falou nisso, vale a pena lembrar: pela primeira vez o campeão da GP2 não fará parte da F-1 no ano seguinte, como é o caso de Giorgio Pantano, que deve ter algum campeonato renomado de turismo como destino.

Ressalta-se, então, que faltam equipes e sobram pilotos na categoria. Já não é de hoje que os fãs reclamam que deveria haver mais carros no grid. Vá entender Bernie Ecclestone.

Já foram os tempos em que corredores do naipe de Domenico Schiattarella, Jean Denis Deletraz, Taki Inoue e Philippe Adams aceleravam um Fórmula 1...

Colaborou Thiago Arantes

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Nunca vi nada igual

Quem esteve em Interlagos neste último domingo vai poder contar para seus filhos e netos que viu a decisão mais fantástica da história da Fórmula 1.

Hamilton, ao ultrapassar o coitado do Timo Glock a poucos metros da bandeirada, viu-se campeão depois de estar, também a poucos metros, do que para ele seria uma grande tragédia: a perda do título mundial.

O que mais impressiona é que tudo conspirava contra o britânico: a torcida apoiando Massa, o fato de o campeonato ter escorregado de suas mãos também em 2007 e os próprios colegas de trabalho terem declarado publicamente estarem insatisfeitos com a conduta agressiva de Lewis dentro da pista.

Confesso que desencantei meu espírito patriota e torci bastante por Felipe durante estes dias. E, com o resultado final da prova, meus sentimentos se misturaram entre decepção e incredulidade. Mas acho que no fundo isso foi bom, porque, depois de bastante tempo, a categoria voltou a cativar seu torcedor. Não vivenciei os tempos de Ayrton Senna - por não estar nem vivo na época - mas a festa feita em Interlagos durante todo o final de semana foi maravilhosa.

E quem ganhou em 2008, acima de tudo, foi a própria Fórmula 1.

Pausa para respirar

Ainda nesta semana, mais sobre Fórmula 1 na coluna. Até breve.